SERRAÇÃO DAS VELHAS
As pessoas mais complicadas ou que tinham a mania de importantes era-lhes feita a serração. Embora se designasse por Serração das Velhas, era ás moças namoradeiras ou casadoiras que os versos ofensivos se destinavam. Geralmente entoavam uma quadra, mas longe das janelas da casa, não fosse a pessoa ofendida despejar da janela liquidos pouco próprios. Depois de lida a quadra, que era inventada na altura, os rapazes batiam com força numa lata para fazer barulho.

PADARIAS
Em 1900, já havia na aldeia vinte fornos de cozer pão. Terá sido esta a primeira indústria existente. Cozido a lenha, era transportado e comercializado para as aldeias vizinhas em ceirões em cima de burras. Este pão deu muito nome à aldeia do Soutocico.
Havia homens que vinham de aldeias vizinhas a pé ao Soutocico comprar pão
Na década de 60, lembro-me que havia a padaria da Emilia Cordeiro, herdeira da Teresa Vieirinha, no Canto dos Cordeiros, da ti Laurinda, na Nogueira e da Conceição Brites junto ao largo da Capela.

uma das principais padarias funcionava neste local
O VINHO
O vinho fazia parte da vida das pessoas. Havia a necessidade,, de se beber vinho para suportar o esforço que era exigido. Os homens trabalhavam do nascer ao pôr do Sol. Não havia dinheiro para comprar outro género de bebidas. Era o vinho que fazia os homens suportarem todo aquele esforço. A alimentação era demasiado pobre. O vinho fazia bem ás doenças. Quando as crianças estavam doentes, ministravam-se-lhes logo pela manhã sopas de vinho quente. A aldeia vivia do vinho que era fácilmente vendido servindo a sua venda para pagar as dividas na "venda" mercearia.
As mulheres, quando os homens iam para o campo, passavm o dia ou a rezar o terço, ou na adega a beber uns copos. Como o primeiro era para aquecer a goela, geralmente acontecia o seguinte diálogo;-Comadre, tome lá um copo! esta após beber dizia:- Credo comadre melhor me soubesse a morte, dê cá outro a ver se me sabe melhor!
Nas vindimas os patrões mandavam cantar as mulheres, para que não comessem uvas. Só se parava para almoçar quando tivessem a dorna cheia para o boieiro não estar à espera.
As melhores uvas eram penduradas na sala da casa, em pregos que ali estavam para o efeito e iam-se comendo durante muitos meses.
Toda a noite se apertava a prensa e se de manhã se vissem alguns bagos por derreter, fazia-se uma "lambujadela." (fazer as barbas ao pé das uvas).

descarga de uvas para o lagar
Nos lagares, após a vindima a igreja pedia vinho para os santos. Se era para o Santo da aldeia davam-se 20 litros se era para o da freguesia dava-se metade ou dizia-se para o trazerem lá para casa que o sustentavam durante todo o ano.
Quem não tinha lagares sugeitava-se ao ditado; " Quem não tiver lagar nem bois ou vindima antes ou depois" Como o dinheiro escasseava, as pessoas andavam a merecer.

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