A FILARMONICA
Ao contrário a filarmónica continuava a sobreviver com cerca de trinta músicos, na sua maioria velhos e carregados de vícios. Havia que mudar tal mentalidade dentro da filarmónica.
Essa viragem começou a ser feita em 1984, fruto do trabalho desenvolvido pelo então maestro, Jose Antonio, e pela paixão que tinha pela mesma.
Lutou e conseguiu criar uma escola de música que viria a ser um exemplo para todo o concelho de Leiria. As crianças da aldeia tiveram uma forte adesão. Era a primeira vez que se viam meninas na filarmónica.
alunos da escola música |
Fruto da Escola de Música surgiu a Orquestra Juvenil, que teve um enorme sucesso entre os anos 1985 e 1992. Os jornais falavam nas extraordinárias actuações daquelas crianças que percorreram o País, tendo ido inclusivamente a Espanha.
Com a passagem desses jovens para a filarmónica, os mais velhos, sentiram-se desenquadrados e foram saindo.
A partir de 1989, poderá dizer-se que a juventude tomou conta da filarmónica.
A aldeia era agora ainda mais admirada. As pessoas tornaram-se amigas, tudo devido aos filhos que andavam na banda. Pessoas que quase se não viam ou falavam passaram a conviver no dia a dia. Foi um periodo estremamente gratificante. O bairrismo consolidou-se. Sempre que a filarmónica ou a orquestra juvenil iam actuar uma parte da sua população, cerca de 50 pessoas acompanhava-nas.
Situação que ainda se mantem nos dias de hoje. Não há festa ou romaria em que esteja presente a filarmónica, que não estejam sempre mais de cinquenta pessoas a acompanhá-la. Esta situação é bastante gratificante para os músicos e para a direcção.
Como não havia falta de empregos, pouco a pouco a agricultura foi sendo abandonada.
No ano 2000, alguma que existia era do tipo familiar. Já ninguém dependia do vinho ou dos cereais que tinham sido mola real até á década de 80.
![]() |
filarmonica actual |
Os jovens passaram todos a estudar e a sair da aldeia. Fruto da união que sempre existiu, os jovens sempre que podiam continuavam a vir, e a participar nas diversas actividades da terra.
Curiosamente ninguém é tratado na aldeia por doutor, muito embora oitenta por cento dos jovens tenham hoje uma licenciatura. Continua a ser o zé, o antónio ou fernando. No fundo fazemos parte todos duma "familia."
PARCERIAS
Depois de muitos anos a viverem um pouco cada um para si, clube e filarmónica fizeram uma parceria, tornando possivel continuar a manter a dinâmica e a união. Hoje existem músicos que são elementos directivos do clube e elementos do clube que colaboram nas actividades da filarmónica.
A continuar assim com união e bairrismo o futuro continuará a ser risonho para as duas associações principais do Soutocico. A aldeia agradece!
Sem comentários:
Enviar um comentário