paveias de mato |
O seu transporte em carros de bois, fazia com que a serra ficasse coberta de pó. Havia filas de carros de bois a descer a serra com os homens pendurados nas carradas, fazendo equilibrio para que estas não se virassem. Depois de moido nos locais próprios este já estrume (esterco) aproveitava-se para adubar os campos. Os homens sentiam orgulho por virem cobertos de pó. Era sinal de que tinham trabalhado muito e bem. A transpiração e o pó davam origem a lama colada no corpo. Os moscardos aproveitavam para morder os braços e o pescoço. O corte era feito no mês de julho, periodo de muito calor. Era por isso que os homens iam para a serra, por volta das cinco horas da manhã. Muitas vezes perdiam-se e deitavam-se sobre um casaco velho á espera que começasse a clarear o dia. Era um trabalho, como todos, deveras árduo. Levava-se um pequeno barril com água o que acabava muito cedo, tendo muitas vezes que se beber das poças que existiam nas fragas, muitas vezes cheias de bichos mortos, que tambem ali iam para beber.
BRUXAS E LOBISOMENS
Derivado do excesso de alcool e da escassez de alimentos, até á decada de sessente havia muitas histórias de bruxas e de lobisomens. Dizia-se que estes últimos desciam as ladeiras em forna de dorna. Que as bruxas chupavam o sangue ás crianças e estas acabavam por falecer.
Devido á não existencia de luz eléctrica as pessoas viviam no medo e quando chegava a noite, ao irem para casa nunca olhavam para traz, porque diziam que quem o fizessem levavam uma chapada na cara.
AS PARTEIRAS
Todas as mulheres tinham os filhos em casa. Como todos os casais tinham muitos filhos as parteiras estavam de serviço permanentemente. Podiam ser chamadas a qualquer momento do dia ou da noite. Era á luz dum candeeiro que nasciam os filhos. Naquele tempo ninguém ia para a maternidade do Hospital. Isso era para gente fina! Havia várias parteiras na aldeia.
MATA BICHO
No periodo da primeira grande guerra e á falta de dinheiro para medicamentos o governo aconselhou a população a beber um cálice de aguardente logo pela manhã. A sua finalidade era matar o Vírus (bicho)que grassava no País. Todos os homens pela manhã colocavam um figo seco no carapuço e iam á loja beber um cálice de aguardente e comer o respectivo figo. Este hábito matinal passou a ser designado por "mata-bicho".
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